Lançada em um tempo de pequenas 125 e 180, a Honda CB 400 evoluiu para 450 e manteve admiradores por 14 anos
A notícia não poderia ser melhor para os motociclistas de alto poder aquisitivo: quatro anos depois do fechamento das importações, o mercado nacional ganhava uma nova moto de média cilindrada -- 400 cm3 --, moderna e eficiente. Se não substituía à altura a "sete-galo" (as CB 750 K e F, aqui vendidas de 1969 a 1976), ao menos representava uma ascensão significativa sobre as pequenas 125 e 180, únicas opções nacionais até então.
Foi com euforia que os brasileiros receberam, no início de 1980, a notícia de que seria produzida aqui -- embora com baixo índice de nacionalização, apenas 15% em valor -- a Honda CB 400. Na época do lançamento, em junho, a produção daquele ano já estava vendida. Derivada do modelo de dois cilindros vendida na Europa e nos Estados Unidos (alguns mercados recebiam também a 400F, de quatro cilindros), era uma estradeira moderna, com certa esportividade e desempenho incomparável no mercado da época.
A primeira CB 400, em 1980: linhas modernas e imponentes, ciclística eficiente e um rodar confortável, apesar do guidão baixo
Tinha um porte imponente e linhas bem desenhadas, com pára-lama dianteiro, escapamentos e retrovisores cromados, banco em dois níveis, amplo tanque de combustível (17 litros) e rodas Comstar, com cinco raios de aço e aro de duralumínio. O guidão baixo impunha uma posição esportiva, embora causasse desconforto no uso com garupa. Retirado o banco, viam-se as ferramentas e uma caixa para documentos.
O quadro era do tipo Diamond, com o motor fazendo parte da estrutura. A roda dianteira grande, de 19 pol, não a tornava tão ágil e maneável, mas contribuía para o efeito giroscópico (que mantém a moto na vertical quando em movimento) e para amenizar os impactos dos pisos irregulares, tão comuns no Brasil. A suspensão traseira era convencional, com duas molas de constante variável, que se tornavam mais duras no final do curso e dispunham de cinco regulagens de prato. O freio dianteiro utilizava um disco simples, sendo o traseiro a tambor.
A Honda estava certa ao destacar o motor em sua publicidade: além de silencioso, trazia a inovação das três válvulas por cilindro e desenvolvia 40 cv de potência, para um desempenho muito acima das outras nacionais
Onde a CB mostrava-se referência era no desempenho. O motor de dois cilindros paralelos a quatro tempos, com refrigeração a ar e dois carburadores de 32 mm, trazia a novidade das três válvulas por cilindro, duas para admissão e uma para escapamento. O comando de válvulas era único, acionado por corrente, e havia duas árvores de balanceamento para anular vibrações, que cumpriam muito bem seu papel.
Sua potência, 40 cv a 9.500 rpm, superava em mais de 100% as pequenas motos que o mercado oferecia na época. Com torque máximo de 3,2 m.kgf a 8.000 rpm, o desempenho atendia bem a qualquer necessidade: velocidade máxima próxima a 160 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 7 s